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Parque de diversão
Parque de diversão

Parque de Diversão

 

 

Desde os meus três anos, sempre morei próximo a uma área pública, que por incrível que pareça, sempre tinha um parquinho de diversão ou outros lazeres para a minha comunidade. Era incrível! E olha que morávamos num subúrbio, quase a uma hora do centro da cidade.

Por cima dos cálculos... Acredito que o parquinho de diversão chegava por ali, de seis em seis meses. Era uma época muito boa, pois, sempre que ele aparecia, a empolgação contagiava a garotada. Era como se... a cada vez que ele aparecesse, um novo presente ganhávamos de nossos pais. Fora que, a área onde ele se instalava ficava bonita, que só a gente vendo para dar razão pelo que estou escrevendo.

A área ficava toda iluminada!

O parquinho de noite funcionava.

Os gritos de quem se divertia, disputava com a beleza daquela iluminação. Fora os casaizinhos que sempre se formavam ao redor das grades de cada brinquedo na perfomace de um clima romântico entre os jovens e os adultos daquela época.

Diante de toda aquela alegria havia um lado negativo. Pois, não era sempre que minha alegria poderia juntar-se a eles. Aquela alegria tinha preço. Um preço negociado por passaporte. Por sermos dez irmãos, aquela alegria nem sempre colaborava conosco. Afinal, meu pai era o único que trabalhava em casa.

Bem, o desejo de andar em todos os brinquedos pelo menos era grande!

 Toda época em que o parquinho aparecia, eu nunca me refletia em suas últimas aparições no bairro e sim, na nova vontade que sempre despertava dentro de mim a sua nova visita. Enfim, cada aparecimento era uma nova esperança surgida dentro de mim. Mas, só para mim. Porque, no contato real cada aparecimento era como uma reprise.

O tempo foi passando. Suas aparições em meu bairro aconteceram até no início da década de noventa. Época em que me tornei adolescente.

Porém, o tempo continuava a passar. Nos meus vinte e três anos tornei-me presidente da Associação dos Moradores deste mesmo bairro. Quando me dei conta do poder que estava em minhas mãos, não pensei duas vezes... Lógico, eu sabia que não podia trazer a minha infância de volta, mas, pelo menos de alguma forma poderia matar o gostinho que ela ainda havia deixado em mim.

A primeira coisa que fiz, foi entrar em contado com o dono de parquinho. Ele, naquela época foi o único a acreditar em minha capacidade, lógico, junto aos membros da tal Associação.

Para os que duvidavam de mim, com a cara de mané que haviam me carimbado, incrementei com a confiança da minha turma e diante dos conselhos que ouvíamos do dono do parquinho, aos poucos, providenciávamos a documentação necessária na prefeitura, para que nosso objetivo tornasse realidade.  

Lembro-me como se fosse hoje, era vinte e um de abril de dois mil e dois. O que era esperança somente para mim, junto aos membros da Associação e o dono do parquinho, somamos com que era sonho para nossa comunidade, transformando-se em realidade. Após longos anos a alegria voltava a nossa comunidade.

A emoção tomou conta de mim! A partir daquele dia, eu mais do que nunca gravei na minha consciência, o quanto vale a pena acreditarmos em nossos sonhos! Por mais que os outros duvidem.

Já era noite. Recebi um telefonema em minha casa que era para eu ir correndo para a tal praça onde havíamos solicitado a instalação do parquinho de diversão, pois, dali a alguns minutos duas carretas com os brinquedos chegariam por lá.

Entusiasmado, não pensei duas vezes, logo me despedi, de quem estaria do outro lado da linha e como um moleque fui para a tal praça. Por fim, mal saí da esquina da rua onde até hoje moro e dei de cara com duas grandes carretas, sem bajulação, duas lindas carretas, virando uma das esquinas das ruas que se cruzavam com a minha. Naquela hora, minha emoção cresceu ainda mais! Nossa! Não sei como... Mas, assim que uma daquelas carretas soou a primeira buzina, a rua se manifestou de criançada, a minha sensação de infância, eu pude ver manifestando-se nelas.

Pois aquela visão que os meus olhos contemplavam vendo a carreta de longe buzinar, enchia o meu coração de alegria. Uma alegria maior ainda quando eu via a garotada disputando as energéticas buzinadas com seus assobios. Assobios disputados também por rabeiras nas traseiras das carretas.

Aquela sensação era como se fosse o meu primeiro passaporte para eu me divertir no parquinho de diversão. Uma sensação que jamais vou esquecer. Vou guardar para sempre dentro de mim.

Afinal, minha primeira e última volta num parque de diversão foi aos oito anos. Agora com os vinte e quatro anos, eu não andei por falta de tempo, pois, naquele dia, minha missão era trazer a alegria para a garotada, algo que na minha infância não pude muito ter.

É... mas, nós conseguimos! Algo que sempre vai servir de lição para mim. Uma lição de nunca desistir dos meus sonhos.