O encanto da natureza
O encanto da natureza

O encanto da natureza

 

Um casal de beija-flores descansava sobre uma imensa árvore, flor de ypê. Dessa árvore eles avistavam do alto o deslumbramento dos humanos diante do encantamento que a árvore provocava a todos que passavam ali.

Ninguém poderia vê-los. Afinal, dentre as folhas estava seus ninhos. Mas eles conseguiam ver os demais. E dava mesmo! Era uma visão que se fixassem os olhos, eram capazes de notar o quanto aquela cena mexia com os humanos.

O ypê virou atração. Seus belos troncos numa altura de lá pra dez metros e meio se enturmavam com a beleza das folhas verdes junto das roxas.

Que coisa mais linda! O chão, o tronco da árvore e a calçada estava forrada de uma imensa camada de flores roxas. Moças ao estilo do filme “Beleza Americana’ se aventuravam, imaginando que naquele momento pudessem ser a estrela do longa, sob os delírios posando-as para fotos tiradas.

Já a garotada ao mandato dos pais obedecia às poses ordenadas, enquanto fossem fotografadas.

Aquilo aparentava um estúdio de foto criado por um profissional. Mas não era. Era mais um trabalho feito pela própria natureza. Era a simplicidade dos marrons do tronco com as mexas das folhas verdes, acompanhadas das flores roxas. Uma simplicidade que encantava a todos, diante da criação da natureza que formara um tapete de três cores.

— Éh, a natureza sabe mesmo chamar a atenção do homem! – encantava a beija-flor, num ligeiro voar, pousando no exato momento em que mais um casal tirava-se uma foto.

Seu companheiro permanecia no lugar, apenas lhe retribuindo com uma risada de leve e passageira.

— Pronto. Contribuí com a minha parte. – ironizava ela, retornando para o aposento.

— Que isso venha representar e muito na vida dos homens! – desejava o beija-flor.

— Acha mesmo que com esse cenário tão bonito, eles ainda passem despercebidos sobre a importância da natureza em nossas vidas?! – preocupava a beija-flor amparada pelo companheiro.

— A natureza vive dando shows e alertas pelos quatro cantos do mundo e o homem sempre finge que não vê.

— E se nós saíssemos por aí semeando muitas sementes de ypês?

— Uma andorinha sozinha não faz verão.

— Mas, nós, não somos andorinhas. Somos beija-flores.

Indignado pela a falta de entendimento a conversa, o beija-flor falava:

— Você não entende.

— É você que não entende. Para que esse cenário tão bonito viesse acontecer um dia, alguém o semeou...

Sem interesse de retrucar, o beija-flor voou, antes pegando alguma coisa pelo bico e logo avistando uma terra sem plantio, lançando-o ao que carregava no bico. Retornou-se ao aposento e diante de uma insinuação de brincadeira cobrou a mesma atitude da parceira.