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Os grandes vilões
Os grandes vilões

Os grandes vilões

 

 

Era véspera de um feriado prolongado. Imagine só, feriado prolongado sem grana no bolso? Isso é terrível! Ainda mais quando estamos falando sobre véspera de pagamento. Ninguém merece, isso é mais do que um castigo.

Bem, seria um castigo. Mas meu patrão foi bonzinho. Adiantou nosso salário já no terceiro dia útil. Assim que soube da caridade, não me restou outra opção, liguei para o meu irmão e pedi que viesse me buscar no trampo, a fim de sacar o pagamento. Ele até que aparentou querer ser mais bonzinho do que o meu patrão. Na mesma hora aceitou o convite e veio me buscar. Pelo meio do caminho fomos iguaizinhos a dois babacas conversando, ele feliz por eu encher o tangue do seu carro, já eu, por saber que não passaria mais o feriado de bolso vazio.

Minha idéia, apesar de estar somente na mente, era pagar um açaí bem geladinho para nós. Mas algo logo veio a mudar meus planos. Já que meu irmão sem que percebesse, confundiu o estacionamento do shopping aonde deveríamos ir com um estacionamento particular. Eu assim que notei aquela burrice, logo tratei de corrigí-lo. Afinal, os dois estacionamentos eram bem coladinhos um ao outro. Pois, até suas entradas ficavam próximas um do outro, assim, como a menina dos nossos olhos.

Meu irmão a fim de não acabar com o bom humor que estava entre nós, tirou o cavalinho da chuva, pediu que eu apenas avisasse o cara do guichê. Eu já inocente de que aquele gasto viria de meu bolso, não perdi tempo. Pedi que o meu irmão parasse o percurso, colocando minha cabeça para fora e alegando:

— Hei¸ moço! Entramos no estabelecimento errado.

Porém, o cara foi arrogante. Não quis nos ouvir. Sem muita cerimônia, ao tom caçoador, alegou:

— Problema seu.  Antes, você, do que eu.

— Mas ainda estamos na entrada. Nem nos estacionamos direito.

— Desculpe! Mas vão ter que pagar assim mesmo. – contestava ele, aos agitos com as mãos, convidando o veículo detrás para entrar.

— Já era. Vamos ter que pagar. – lamentava meu irmão, aos movimentos com o carro, entrando de vez no estacionamento.

Aquela eu não engoli. Mas como meu irmão estava com a carta de habilitação vencida, não me restou dúvida, tive que dar razão para o tal rapaz.

Rapaz não. Velhinho. Senhor de cabelos e sombracelhas brancas. Estilo papai Noel. Mas sem barba.

O velhinho era tão arrogante, que quando viu que nós o acatamos, ainda quis pagar de gatinho para o cliente detrás. Isso me enfureceu, já que não poderia arrumar confusão por causa de meu irmão. Dali surgiu uma ideia, pagar o estacionamento que teria o valor de dois reais com uma nota de cem. Fui ao caixa eletrônico do banco e por incrível que pareça só surgiram notas de cinquenta reais.

Porém, decidido em aprontar uma dessas, saí do caixa em direção aos comércios que ficavam em frente ao banco. Na terceira tentativa de trocar duas notas de cinquenta por uma de cem, alcancei o sucesso. Por questão de meia hora, lá estava eu e meu irmão saindo do estacionamento. O velhinho marrudo procurou nos recepcionar com a cara de deboche. Mas eu procurei insinuar que entre nós, tudo já estava acertado. Apenas com um sorrisinho forjado, passei a nota de cem reais, aguardando o troco. Afinal, ele havia me cobrado dois reais. Ali, por aquele instante, vi com os meus olhos que a terra há de comer; que o feitiço virou contra o feiticeiro. Ele que insinuava se vangloriar as nossas custas irritou-se de vez. Pois, naquele dia liquidamos o caixa dele. Seus únicos trocados foram passados para nós. Algo que nem um obrigado ouvimos dele. O que ouvimos foi um sinal negativo dele ao novo cliente que procurava entrar:

— Tem troco? – preocupava-se ele, coçando a cabeça. Enquanto o novo cliente mostrava a nota de cinquenta. Algo que imediatamente ele novamente coçava a cabeça e num gesto negativo com as mãos negava a vaga ao novo cliente, que criticava o atendimento do seu estabelecimento.